Fábula de Monteiro Lobato
Certa manhã, um ratinho saiu de sua toca pela primeira vez em sua vida, ele queria conhecer o mundo. Admirou-se com o sol, o verde das árvores, o azul do céu, a força da água no riacho.
De tanto andar, chegou ao terreiro de uma casa simples, foi farejando tudo o que via, as folhas, o milho jogado num canto, tudo era novidade para ele, quando surpreendeu-se com um belo animal que dormia tranquilo. Aproximou-se dele e viu seu pelo macio, seus bigodes pontudos, admirou-se da sua beleza e serenidade.
De repente, surgiu um outro animal, alto, de pernas estranhas, com um bico, uma crista e penas pelo corpo. Este animal gritou com ele de repente:
– Có có có!!!
O ratinho levou um tremendo susto e correu com todas as suas forças de volta para sua toca.
Chegando lá contou tudo à sua mãe:
– Vi um animal de pelo macio e ar bondoso. Devia ser um desses bons amigos da nossa gente, pena que dormia, assim não pude cumprimentá-lo. Em seguida vi um outro animal feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha e aspecto ameaçador. Bateu as asas, abriu o bico e gritou comigo. Fugi o mais rápido que pude.
A mamãe rata respondeu:
– Como te enganas, meu filho! O bicho de pelo macio e ar bondoso é o terrível gato. Ele nos persegue há muito tempo, não tem piedade dos nossos. O outro, barulhento e de crista rubra, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal nenhum.
Conselho de vó: As aparências enganam.
***
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