O Bom Juiz

História de Figueiredo Pimentel

Era uma vez um homem chamado Zenóbio que era funcionário da limpeza pública. Ele tinha muitos filhos e sempre ensinava a eles que não é a profissão que honra o homem e sim o homem que honra a profissão, sempre falava a eles:

– Há varredores honrados, do mesmo modo que há ministros desonestos, é sempre melhor ser honrado.

Certo dia, enquanto varria uma rua pouco movimentada, achou uma bolsa contendo cem mil-réis. Em vez de ficar com o achado, como era honesto, procurou o dono, e tanto fez que o encontrou.

Mas o dono da carteira, que era um negociante sovina, em vez de ficar agradecido, retirou de dentro dez mil-réis, e acusou o varredor de ter roubado o dinheiro que faltava.

Foram à justiça.

O juiz, um bom, honrado e digno magistrado, ouviu a acusação, e depois a defesa. Em seguida sentenciou da seguinte forma:

– O comerciante diz que perdeu uma bolsa com cem mil-réis, e que o varredor Zenóbio a achou. Zenóbio, pelo seu lado diz que a entregou sem conferir, tal como a havia encontrado. Ora, como a bolsa contém noventa e não os cem mil-réis que o negociante alega, claro está que essa bolsa não é a do comerciante.

 Assim, mandou que entregassem a bolsa ao varredor, e fez o comerciante arcar com as custas do processo.

Zenóbio ficou muito satisfeito, ao passo que o outro ainda teve que gastar mais dinheiro, para castigo de sua ganância e perversidade.

Conselho de vó: A recompensa sempre vem para quem faz o que é certo. As vezes demora, mas sempre vem.

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2 comentários em “O Bom Juiz”

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