Lenda indígena
Há muitos anos Tupã (Deus) travou uma imensa batalha contra Catamã (Diabo). A luta durou muitas luas, mas, usando toda a sua magia, Tupã conseguiu, por fim, derrotar Catamã e aprisioná-lo no alto da Serra do Tumucumaque, por um período de cem anos.
Passaram oitenta anos e o feitiço de Tupã começou a perder o efeito e por isso o mal começou novamente se espalhar pelo mundo. Diziam os anciãos que a fome, as guerras e as doenças seriam o sinal de quando Catamã estivesse voltando, mas que um índio guerreiro, nascido de tribo pequena salvaria a todos e mataria Catumã para sempre.
Aos pés da serra do Tumucumaque, que fica no norte do Brasil, vivia uma tribo chamada Badulaques. Esta tribo era pequena e fraca, não tinha grandes guerreiros e viviam em paz com seus vizinhos.
O primeiro sinal de que o mal estava voltando foi quando diversas tribos começaram a ser atacadas por uma terrível doença que afetava as mãos e os pés de todos. Sem poder caminhar ou caçar, muitos índios morreram de fome. Cinco luas depois a doença foi passando, porém, todos sabiam que Catumã estava ganhando forças.
Meses depois começaram as guerras entre as tribos, os sobreviventes da doença brigavam por qualquer motivo.
Tarirã, esposa do cacique da tribo Badulaque estava grávida há muitas luas e, em sonho, Tupã lhe disse que seu filho seria um bravo guerreiro. Só ele seria capaz de derrotar Catamã para estabelecer a paz novamente. Seu nome deveria ser Bacabá.
Duas luas depois o menino nasceu e sabendo da profecia de Tupã ele foi treinado desde criança nas práticas do combate, aprendeu a manejar o arco e a flecha e todos os segredos dos pajés. Ele crescia forte e destemido, já sabendo o seu destino.
Quando estava com 20 anos as maldições de Catamã tomaram todo o mundo. Numa madrugada Catamã entrou na tenda de Tarirã e a matou por ter trazido Bacabá ao mundo.
Pela manhã Bacabá se reuniu com o Grande Conselho de todas as tribos e anunciou que subiria à serra de Tumucumaque para lutar contra Catamã.
Todos os pajés se reuniram para pedir ajuda a Tupã na empreitada de Bacabá. Antes de subir, um dos pajés estregou ao rapaz um saquinho de couro com a mistura de muitas ervas, que deveria ser jogado nos olhos de Catamã para cegá-lo.
Depois de despedir-se de seus irmãos da tribo, Bacabá armou- se de uma lança, do arco, de flechas e subiu a serra. Quando alcançou o topo, Catamã se transfigurou em uma fera gigantesca que investiu contra o jovem. A batalha havia começado.
Aos pés da serra todos rezavam e Tupã deu a Bacabá poderes sobrenaturais para derrotar Catumã.
Depois de algumas horas de luta fez-se silêncio. Os índios esperavam que Bacabá descesse, mas por três dias nada aconteceu. Decidiram subir a serra para ver o que havia acontecido e lá encontram a grande clareira da batalha.
Catamã estava morto, Bacabá venceu o mal, porém isso lhe custou a vida. Ele foi sepultado no alto da serra e, por muitos dias, lhe fizeram várias homenagens.
Muitas luas se passaram e os índios resolveram subir a serra novamente para visitar o túmulo de Bacabá. Para surpresa de todos, em seu túmulo havia nascido uma palmeira solitária de folhas em forma de lança com flores brancas e amarelas e frutos pequenos avermelhados.
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