História mexicana

Era uma vez um índio que vivia no México. Ele era camponês sem terras e pastor sem ovelhas. Por isso, para sobreviver ele trabalhava como empregado para quem tinha terras e ovelhas.

Ele era pobre e mesmo trabalhando muito continuava pobre. Sua aldeia ficava na Sierra Mexicana e com a esperança de encontrar um futuro melhor, decidiu sair de sua aldeia e procurar trabalho em uma plantação de cacau.

Durante três anos ele trabalhou, mas não era feliz e sentia falta de sua aldeia.

Seu maior desejo era voltar para casa com uma mala cheia de presentes para todos, especialmente para Panchita, a índia mais linda da aldeia, a quem ele amava.

Depois de todo esse tempo, ele decidiu voltar. Falou então com o patrão, que fez as contas e, depois de descontar o aluguel, a alimentação e várias outras coisas que ele sequer entendia, lhe deu como pagamento somente três moedas de cobre.

À noite, ele foi para a vila mais próxima ver o que poderia comprar. Ao passar por uma loja de doces, viu na vitrine diversas flores de açúcar. Ele decidiu comprar uma para Panchita e assim gastou uma de suas moedas.

Decidiu não comer naquela noite, precisava economizar para a viagem, resolveu beber bastante água da fonte para enganar a fome.

Foi então que ele viu um homem que, quase sem forças, tentava com uma tigela pegar água, ele parecia doente. O índio teve compaixão do homem e o ajudou a matar a sede. Ele sabia que o homem estava com fome e então comprou para ele uma tortilha e pagou com outra moeda.

O homem comeu lentamente, saboreando cada bocado, depois lhe deu um saquinho como presente:

– É para a sua felicidade.

O índio abriu o saquinho e encontrou nele algumas sementes, amarelas como ouro. Ele aceitou o presente e foi procurar um lugar para dormir.

Acabou adormecendo na porta de um albergue e acordou com o cheiro delicioso de tortilhas que estavam servindo lá dentro. Ele decidiu gastar sua última moeda em uma refeição para começar a caminhada para a sua aldeia.

Enquanto esperava para ser atendido viu um homem que falou para uma moça:

– Chica, me traga comida e se sente que eu vou te contar o meu sonho.

A moça fez o que ele falou e então o homem começou a falar:

– Sonhei que uma deusa, de cabelos longos e negros dançava. Nós vivíamos no meio de uma floresta de ouro e qualquer um que comesse um fruto desta floresta ficava farto e livre da fome. Neste lugar todos viviam felizes e distribuíam esses frutos para todos os que vinham pedir ajuda.

O índio ouviu a história e ficou impressionado, ele se aproximou do homem e disse:

– Quero comprar o seu sonho!

O homem se assustou e começou a rir, achando que era uma piada.

– Quer comprar o meu sonho? E para que meu sonho vai lhe servir?

– Servirá para me fazer feliz! Aqui está o dinheiro.

Falando isso, lhe entregou sua última moeda.

O homem pensou que uma moeda de cobre era pouco, mas para um sonho era muito e lhe disse:

– Guarde seu dinheiro, eu lhe dou o meu sonho.

– Não estou mendigando, quero comprá-lo.

Vendo que o índio falava com seriedade, o homem lhe vendeu o sonho pela moeda.

O índio saiu do albergue feliz com a compra quando a moça do albergue lhe alcançou e lhe disse:

– Você vai para Sierra, não é? No caminho você vai passar por Achulo, é a aldeia da minha mãe. Ela é muito sozinha e triste, por favor, vá até ela e lhe conte o sonho que você comprou, ela ficará feliz de ouvir. Tome esta sacola cheia de tortilhas, pão, tomates e pimentas, como pagamento por visitá-la.

O índio não pode negar o pedido e assim começou a sua viagem.

Chegando a Achulo ele procurou a mulher e lhe disse que sua filha tinha lhe pedido para lhe contar o seu sonho.

Logo a casa ficou cheia de gente, ansiosa para ouvir a história.

Então, ele contou o sonho e encantou a todos do vilarejo. Ele ainda foi hospedado pela mulher e ganhou muitos alimentos para que no dia seguinte continuasse a viagem.

Quando estava saindo, um homem lhe falou:

– Minha mulher e meus filhos moram em um vilarejo que fica a um dia de viagem daqui, você poderia procurá-los para contar o seu sonho?

E assim ele fez, e diversas outras vezes ele visitou vilarejos para contar o seu sonho e sempre recebia como pagamento hospedagem e alimentos.

Depois de muitos dias de caminhada, o índio chegou em Sierra e a primeira pessoa que ele viu foi a índia Panchita. Ele lhe entregou a flor de açúcar e ela adorou o presente.

Todos estavam felizes com sua volta. Naquela noite, em volta da fogueira, ele contou a todos o seu sonho e eles ficaram encantados. Ele também contou das sementes que ganhara do homem que conheceu na fonte.

Uma índia idosa pediu para ver as sementes e falou:

– Esta é a semente de d’ixium. Este milho não nasce nestas nossas terras áridas.

– Mesmo assim vou plantá-las! Junto com meu sonho! – falou o índio.

Depois de alguns meses, o índio correu para o campo e lá, pode ver o seu sonho se tornar realidade. Havia uma floresta de milho, dourada, com frutos tão bonitos e maduros que pareciam ouro. No meio da floresta estava Panchita, que dançava com seus longos e negros cabelos, como uma deusa.

***

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Maria Cecilia

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