História de Roseane Pamplona
Xang era um sábio chinês. Seus alunos aceitavam seus ensinamentos sem pestanejar:
– Sim, mestre!
– Eu ouço e obedeço, mestre!
Um dia, Xang resolveu fazer uma viagem com três dos seus fiéis alunos. Instalaram-se numa carroça puxada por dois burrinhos e lá se foram: nhec, nhec.
Xang, já velhinho, logo sentiu sono. Tirou as sandálias e pediu aos jovens:
– Por favor, me deixem dormir! Fiquem bem quietos!
Dali a pouco roncava. Na primeira curva do caminho, as sandálias dele rolaram pela estrada.
Os discípulos nem se mexeram. Quando o mestre acordou, logo as procurou.
– Rolaram pela estrada – disseram.
– E vocês não pararam a carroça? Não fizeram nada?
– Fizemos sim, senhor. Obedecemos: ficamos bem quietos.
– Ai, está bem – conformou-se o mestre. Mas se eu cochilar de novo prestem atenção se alguma coisa cair da carroça, ouviram?
– Ouvimos e obedecemos!
Xang cobriu os pés com uma coberta e adormeceu. Entretanto, no balançar da carroça, a coberta deslizou e lá se foi. O mestre acordou com frio. Mas cadê a coberta? Será que…
– Escorregou pela estrada – confirmaram os três.
– E o que vocês fizeram?
– Fizemos só que o mestre mandou. Prestamos atenção.
– Não! – esbravejou Xang. Vocês tinham de pegar a coberta de volta! Atenção: se eu dormir e alguma coisa cair da carroça, peçam para parar e PONHAM-O-QUE-CAIU-DE-VOLTA-NA-CARROÇA, entendido?
– PERFEITAMENTE!
E a viagem continuou: nhec, nhec. O mestre foi cabeceando e cochilou. Dali a pouco, os jumentos sentiram necessidade de fazer… suas necessidades. Ploft, ploft, ploft, caíram os cocozinhos pelo caminho. Os discípulos mandaram parar a carroça e, com muito cuidado, foram pondo os fedidos pelotinhos para dentro. Aquela agitação fez Xang acordar. Nossa, que cheirinho!
– Esperem! O que estão fazendo?
– Apenas obedecendo! – juraram os três. – Pondo de volta o que caiu da carroça.
– Não, mas isso não!
Ai, com aqueles cabeças-duras, só mesmo muita paciência:
– Está bem, vamos começar de novo. Vou fazer uma lista de tudo o que há na carroça. Se algo cair, verifiquem se está nela. Se não estiver, não peguem de volta, certo?
– Somos pura obediência, ó, mestre!
Xang escreveu a lista. Que canseira! Mas agora podia dormir tranquilo… E a carroça subiu uma estradinha íngreme. Numa curva mais fechada, ops, quem é que caiu dessa vez? O mestre! Ele escorregou e se foi ribanceira abaixo.
– Socorro! – gritou – Venham me pegar!
Graças aos céus ele conseguiu se agarrar numa raiz do barranco.
– Ei, o que estão esperando? Me ajudem! – chamou.
Mas os discípulos, imperturbáveis, consultavam a lista.
– Seu nome não está escrito aqui – explicaram. – Não podemos pegá-lo, ó, mestre!
Não teve jeito: Xang, com muito esforço, subiu o barranco e voltou para a carroça. Mas não dormiu mais…
***
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