Conto africano
Certa vez, o Coelho estava passeando e se deparou com uma grande reunião de animais sentados à sombra de uma árvore.
Cheio de curiosidade, quis logo saber do motivo daquela reunião e perguntou:
— O que está acontecendo? Que novidades há por aqui?
Um dos animais explicou:
— Trata-se de um problema, estamos esperando o Elefante, nosso chefe, para o resolver.
— O quê? O Elefante é vosso chefe? O Elefante não é chefe nenhum! O Elefante é meu servo e me leva sempre às costas a qualquer parte que eu queira!
Alguns do grupo admiraram-se:
— Como pode o Elefante ser teu servo se você é tão pequeno?
— Ser pequeno nada tem a ver com o meu valor — replicou o Coelho.
E, em tom autoritário, acrescentou:
— Já disse e torno a dizer que o Elefante não é chefe, é meu servo, e por isso, vocês podem ir embora daqui, que nessa coisa de resolver problemas ele não tem nada que se meter.
Dito isto, o Coelho dirigiu os passos para sua casa e muitos dos animais foram embora dali por terem acreditado nas suas palavras.
Algum tempo depois, chegou o Elefante e perguntou:
— Onde estão os outros que aqui faltam? Atrasaram-se na viagem?
— Não! — falaram os poucos animais que lá tinham ficado. — Os que aqui faltam foram embora há pouco tempo, porque passou aqui o Coelho e disse que você, Elefante, não é chefe, mas sim, um servo dele.
O Elefante tremeu todo de indignação e, muito furioso, falou:
— Ah, Coelho malandro! Coelho vigarista! Hoje mesmo, me darás conta de suas palavras!
O Coelho chegou em casa e fingiu estar doente. A mulher, cheia de pena, estendeu uma esteira e o Coelho deitou-se nela. Pouco depois chegou a Impala, avisando que o Elefante já se aproximava para tirar satisfação do que ele havia dito.
O Coelho, fingiu entrar em convulsões, soltando, ao mesmo tempo, gemidos tão altos que era mesmo de partir o coração.
Chegou o Elefante e começou a falar alto:
— Coelho, malandro, salta depressa cá para fora, você tem que me acompanhar.
O Coelho falou gemendo:
— Oh! Por favor! Desculpe-me porque eu não estou bem, dói todo o meu corpo!
— Não quero saber! Seja como for, tem que vir comigo ao lugar onde estão reunidos os outros animais, porque ouvi dizer que você teve o descaramento de dizer que eu sou teu servo — falou o Elefante.
— Tem toda a razão, eu faria isto se não estivesse tão mal!
— Já te disse, tem que vir comigo, custe o que custar, mesmo que eu tenha que te levar às costas — gritou o Elefante.
— Então só se for desse modo, mas fique sabendo que a viagem será muito penosa para mim – falou o coelho choroso.
O Elefante abaixou-se e o Coelho subiu às suas costas, onde se instalou muito bem acomodado. Como estava um calor de rachar pedras, o coelho pediu à mulher uma sombrinha.
Quando se aproximavam do lugar, o Coelho, deixando de fingir que estava doente, ensaiou uma atitude de pessoa importante e esboçou um sorriso feliz.
Os outros animais, ao verem o Coelho assim todo solene e bem apresentado, nas costas do Elefante, começaram a falar com grande exclamação:
— Olha! Olha! É verdade o que o Coelho dizia. O Elefante é servo dele, porque está nas suas costas.
Quando o Elefante parou, o Coelho deu um salto, muito ágil e elegante, para o chão e, tomando a palavra, dirigiu-se assim aos outros animais:
— Estão vendo? Estão vendo? Não falei que o elefante era meu servo!!!
O elefante então viu que tinha caído na conversa do Coelho e ficou muito envergonhado.
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