História de Hans Christian Andersen
Era uma vez um rei que tinha onze filhos e uma filha chamada Elisa, a mais nova de todos. Quando Elisa tinha 10 anos, a rainha faleceu, deixando todos em uma enorme tristeza.
Meses depois, todos foram surpreendidos quando o rei anunciou que se casaria novamente. Mas o que ele não sabia era que sua futura esposa era, na verdade, uma bruxa que o havia enfeitiçado para que ele a pedisse em casamento.
Logo que se casaram, as crianças perceberam que a madrasta lhes traria muitos problemas. Na festa do casamento ela não deixou os enteados sequer comerem os doces da festa.
Poucos dias depois, a bruxa começou a colocar seu plano em ação para se livrar de cada um dos filhos do rei e ter o comando do reino só para ela.
Ela lançou sobre os meninos um feitiço e todos os onze se transformaram em cisnes brancos. A partir desse dia, eles eram cisnes durante o dia e meninos durante a noite.
Para completar, ela deu uma poção ao rei que o fez esquecer que tinha onze meninos. A partir daquele dia ele somente se lembrava de Elisa.
Os cisnes precisaram fugir do castelo para a floresta para não serem mortos pelos caçadores do reino.
Pouco tempo depois, ela convenceu o rei a enviar Elisa para longe, com a desculpa de que a menina deveria ser educada por freiras. Mas, na verdade, ela enviou a garota para uma cabana de uma floresta distante para ser criada por uma velha que deveria escondê-la de todo mundo.
Nessa cabana, Elisa viveu por seis anos, então seu pai, sentindo a sua falta pediu à madrasta que mandasse buscá-la de volta.
Elisa agora era uma linda moça e, quando a rainha má a viu, ficou muito irritada e seu coração se encheu de inveja.
A rainha queria transformá-la em um cisne também, mas não podia porque o rei insistiu muito em ver a filha.
Então ela preparou uma emboscada para matar a menina. Assim que Elisa chegou ao palácio, foi levada para seus aposentos, onde se prepararia para ver seu pai. A bruxa preparou para ela um banho e na banheira colocou três sapos envenenados.
Ao primeiro sapo ela falou:
– Sente-se sobre a cabeça de Elisa quando ela for à banheira para que se torne inerte como você.
Para o segundo, ordenou:
– Sente-se sobre a sua testa para que ela se torne tão feia quanto você e para que o rei não a reconheça!
E, para o terceiro, sussurrou:
– Descanse sobre seu coração e deixe um espírito maligno cair sobre ela. Que essa seja sua ruína.
A rainha colocou então os sapos na água limpa, chamou Elisa e a fez entrar na banheira. Porém, a rainha não contava que a bondade de Elisa impedisse que o feitiço funcionasse.
Vendo que não tinha conseguido o que queria, a bruxa ficou muito irritada, passou na menina uma nódoa de nogueira e depois jogou sobre ela um pó malcheiroso.
Quando o rei viu a menina, ficou horrorizado e disse que aquela não podia ser a sua filha, depois ele a expulsou do castelo, não dando nem tempo para que ela se explicasse.
Elisa, desesperada e sem ter para onde ir, caminhou até a floresta, chorando pelo que havia passado e, também por se lembrar dos irmãos que ela havia perdido.
Depois de muito chorar, a menina decidiu procurar seus irmãos.
Por dias, ela caminhou na floresta, se alimentando dos frutos das árvores que encontrava. Um dia ela encontrou uma velha e perguntou a ela:
– A senhora viu onze príncipes passando por esta floresta?
– Não, mas sempre vejo onze cisnes brancos, voando juntos nesta floresta.
Elisa não sabia o que havia acontecido com os irmãos e não imaginou que os cisnes eram seus irmãos perdidos.
Um dia, chegou à beira de um grande lago. Ela se aproximou das águas e ao ver o seu reflexo se espantou com sua aparência. Ela então tomou um banho no lago até que ficou bela novamente, vestiu-se e trançou seu lindo cabelo.
Depois, ela se deitou sobre o musgo aos pés de um grande carvalho e ficou olhando o pôr do sol, quando de repente, onze cisnes brancos pousaram perto da água.
Elisa ficou observando os pássaros e quando o sol de pôs todos eles se transformaram em seus queridos irmãos.
A menina se assustou com o que viu, mas correu até eles e os abraçou, feliz por tê-los encontrado.
Os rapazes contaram a ela que passavam a maior parte do ano em um lugar longe dali, era um lugar lindo e lá eles estavam mais seguros, porém, de tempos em tempos eles voltavam para aquela floresta com a esperança de encontrar o pai ou Elisa, já que não podiam voltar para o castelo. Somente o espiavam de longe.
Eles então decidiram que encontrariam uma maneira de levar Elisa para esse lugar onde viviam, mas para isso teriam que carregá-la por muitos quilômetros sobre o grande lago.
O problema era que eles não conseguiam atravessar o lago em um dia, assim eles tinham que descansar a noite sobre uma grande pedra que havia no meio do lago e no dia seguinte continuar a viagem.
Resolveram tecer uma rede com cipós que encontraram na floresta, então colocariam Elisa deitada na rede e a levariam sobre o lago.
No dia seguinte, assim que se transformaram, partiram levando a irmã. Viajaram o dia todo e já estavam cansados quando avistaram uma tempestade chegando. O vento e as nuvens escuras os impediam de encontrar a pedra onde passariam a noite.
Estavam desesperados porque, se não a encontrassem e chegasse à noite, eles seriam transformados em pleno ar, então cairiam no lago e morreriam afogados.
Depois de muitos momentos assustadores conseguiram avistar a pedra e quando estavam sobre ela foram transformados, mas a tempo de conseguirem pousar.
No dia seguinte eles continuaram a viagem e quando estavam quase chegando, Elisa viu um grande castelo na beira do lago.
Quando finalmente pousaram e voltaram a ser meninos Elisa perguntou a eles sobre o castelo que havia visto.
– Aquele castelo é na verdade uma miragem. É o castelo da Fada Morgana, cada dia ele se encontra em um lugar diferente. Ela faz isso para que nunca seja importunada por estranhos.
Elisa ficou impressionada com a história da fada e pensou que talvez ela pudesse ajudar a reverter o feitiço da rainha má.
Eles levaram a irmã para uma caverna em que costumavam passar as noites, lá eles tinham um lugar confortável para viver.
Todas as noites Elisa pensava na fada e em como poderia encontrá-la para pedir ajuda.
Uma noite, em seu sonho, Elisa viu a fada e pediu a sua ajuda. A bela fada então falou:
– Seus irmãos podem ser libertados. Mas você tem coragem e resistência o suficiente para tanto?
– Sim, farei o que for preciso!
– Vê essa urtiga que tenho nas mãos? Você encontrará muitas na floresta. Você deverá juntar muitas delas, então as amassará com os pés e com as mãos, irá formar uma pasta e dela vocês fará um fio, tão forte quanto o linho, com ele deverá tecer casacos para cada um de seus irmãos. Ao vestiram os casacos serão libertos do feitiço. Não será fácil. A urtiga te fará queimar como o fogo, porém, não poderá desistir. E, enquanto estiver fazendo tudo o que te disse não poderá falar uma única palavra com ninguém.
No dia seguinte, assim que os irmãos se transformaram e partiram Elisa entrou na floresta e começou a colher as urtigas. A dor que ela sentia era imensa, logo suas mãos ficaram vermelhas e cheias de bolhas que estouravam e sangravam, mas ela continuou forte em seu propósito de salvar os irmãos.
À noite, ela enfaixava as mãos e os pés e os escondiam para que seus irmãos não soubessem do sacrifício que ela estava passando.
Depois de muitos meses os casacos ficaram prontos e Elisa os entregou a seus irmãos. Assim que eles vestiram os casacos foram libertos do feitiço e puderam viver as suas vidas normalmente.
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