Fábula de Monteiro Lobato
Certa vez, dois burrinhos seguiam uma tropa. O da frente carregava barras de ouro e atrás, o outro, carregava farelo.
O primeiro não queria que o outro andasse ao seu lado.
– Auto lá – dizia ele – não ande ao meu lado, quem carrega ouro não é do mesmo naipe de quem conduz farelo. Guarde cinco passos de distância e caminhe respeitoso como se fosse um pajem.
O burrinho do farelo se submetia à ordem do outro, quieto, de orelhas murchas.
De repente surgiram ladrões, primeiro examinaram a carga do segundo burrinho, só encontraram farelo e o deixaram de lado.
Ao examinar a carga do primeiro ficaram felizes e começaram a roubar todo o ouro. O burro, inconformado com o roubo resistiu com coices e correu para o mato tentando fugir.
Mas foi em vão, os ladrões o pegaram, surraram, roubaram e foram embora.
Então, o burro surrado, caído no chão pediu ajuda ao burro do farelo:
– Socorro, amigo! Venha me ajudar!
E ele respondeu:
– Agora eu posso me aproximar da Vossa Excelência?
Conselho de vó: Certas pessoas só valem pelo cargo que ocupam, no fundo são só burros de carga.
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Qual é a mural da estória
Certas pessoas só valem pelo cargo que ocupam, no fundo são só burros de carga.