Fábula de Monteiro Lobato
Certa vez, um homem de bom coração caminhava por uma estrada coberta de neve, quando encontrou uma cobra tremendo de frio.
— Coitadinha! Se fica mais tempo ao relento, morre congelada.
Pegou-a nas mãos, a aconchegou ao peito e a levou para casa.
Lá a pôs perto do fogão.
— Fica por aqui em paz até que eu volte do serviço à noite. Te darei então um ratinho para a janta.
E saiu para seu trabalho.
De noite, ao regressar, veio pelo caminho imaginando as festas que lhe faria a cobra.
— Coitadinha! Vai agradecer-me tanto…
Agradecer, nada! A cobra, já bem quentinha, o recebeu de linguinha de fora e bote armado, em atitude tão ameaçadora que o homem enfurecido exclamou:
— Ah, é assim? É assim que pagas o benefício que te fiz? Pois espera, minha ingrata, que já te curo… E então a expulsou de casa.
Conselho de vó: Fazei o bem, mas olhai a quem.
***
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Não mude a história!
O homem matou a cobra e não “a expulsou”.
Pare de corrigir o mundo!
Esse homem era um homem bom, a natureza da cobra não mudou a natureza dele.
A bondade desse homem não mudou a natureza da cobra.