História de Figueiredo Pimentel
Bernardo era um lavrador, pai de família que tinha três filhos. Um dia ele adoeceu gravemente e foi à vila para ser atendido por um médico.
Após a consulta o médico deu-lhe a receita do que poderia salvá-lo, porém, na única botica da vila não tinha o remédio e este somente poderia ser encontrado na cidade grande.
Para chegar a essa cidade só havia um caminho: atravessar a floresta, uma floresta que era extensa e cheia de animais ferozes e salteadores.
Heitor, o filho mais velho de Bernardo se ofereceu para buscar o remédio e no dia seguinte, bem cedo partiu em busca do medicamento que salvaria o seu pai. Ele levou consigo o seu cachorro fiel e dedicado, chamado Leão.
O moço caminhou o dia inteiro e quando começou a anoitecer, viu uma choupana no meio da floresta e resolveu pedir ajuda.
Bateu na porta e foi atendido por uma senhora muito idosa. Ele pediu pouso e ela os mandou entrar, a ele e o cachorro, mas primeiro falou:
– Amarre o seu cachorro, moço, que parece um animal muito bravo, e eu tenho medo de cães.
– Não tenha medo, senhora, porque Leão me obedece cegamente, ele só ataca a quem me quiser fazer mal.
– Acredito em você, porém já fui mordida por um cachorro e tenho muito medo, amarre o cachorro e ele poderá ficar aqui com você.
– Mas é que eu não tenho com que amarrá-lo – falou Heitor.
– Isso não é problema, basta amarrá-lo com um fio do meu cabelo.
A velhinha arrancou um fio branco, e deu-o ao moço, que riu daquela corda de nova espécie.
Quando viu o cão amarrado, a dona da choupana mais que depressa atirou-se sobre Heitor. Ninguém diria, ao ver aquela criatura tão idosa, que ela tinha tanta força como qualquer ferreiro.
O rapaz tentou lutar, mas foi em vão, então ele pediu ajuda a seu cachorro Leão.
– Avança! Ataca Leão!
Neste momento o cabelo que estava em volta do pescoço do cachorro começou a engrossar a ponto de não deixar que Leão o ajudasse.
A velha senhora, que agora Heitor já sabia que era uma bruxa, o prendeu em uma sala para devorá-lo depois.
Passados três dias, vendo que Heitor não regressava, Lauro, o irmão do meio, decidiu fazer o mesmo caminho do irmão para salvar o seu querido pai.
Lauro saiu de casa levando seu companheiro Capitão, um cachorro muito leal e dedicado.
Seguindo o mesmo trajeto de Heitor, foi parar na mesma choupana, onde a velhinha o recebeu assim como havia recebido o primeiro. Da mesma maneira a velha recomendou que ele amarrasse o cachorro com seu fio de cabelo e ele, da mesma maneira, acabou junto com o irmão mais velho preso na cabana da bruxa.
Raul, o filho mais novo, de apenas onze anos, era ousado e muito inteligente e, ao perceber que seus irmãos não voltavam se ofereceu para buscar o remédio do pai.
No dia seguinte ele partiu levando consigo seu fiel cachorro Plutão.
Depois de muito caminhar foi parar na cabana da bruxa, onde pediu abrigo para passar a noite.
Da mesma maneira a velha pediu que ele amarrasse o cachorro com o seu cabelo, porém o menino achou aquilo muito estranho. Ele então fingiu que amarrava o cachorro.
Assim que a bruxa pensou que ele havia amarrado o cachorro atacou o menino, que então gritou:
– Avança! Ataca Plutão!!!
O fiel cachorro de um salto atirou-se ao pescoço da velhinha e a estrangulou.
Raul percorreu a cabana, e encontrou seus irmãos, bem como muitos outros viajantes, que haviam caído sob as garras da miserável feiticeira.
Soltou todos eles, e ateou fogo à choupana.
Os presos, agradecidos, deram-lhe dinheiro, e os três irmãos tiveram tempo de ir à cidade e comprar o remédio que salvou o velho Bernardo.
***
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minha bebezinha não dormiu
Nossa que história interessante.
Já sei que quando houver algo tão bizarro, como amarrar um cachorro com um fio de cabelo, pode ter algo de muito estranho.