Folclore Brasileiro
A Matinta Perera é uma velha feiticeira que à noite se transforma em coruja e sai para atormentar e trazer mau agouro para as pessoas.
Florêncio era um homem que não tinha medo das Matintas, tinha muita curiosidade e seu desejo era um dia caçar uma delas.
Porém, sempre lhe diziam que caçar uma Matinta era muito difícil, porque a bruxa conseguia se transformar em qualquer outro animal no momento da fuga, ficando mais difícil encontrá-la.
Por causa da sua obsessão e de tanto perguntar às pessoas do vilarejo como poderia caçar uma Matinta, acabou ganhando o apelido de caçador de Matintas.
Um dia, foi à casa de sua mãe, uma senhora de idade avançada e frequentadora assíduas das missas e de todas as rezas na igreja, para perguntar sobre como poderia pegar uma Matinta. A senhora achou aquilo uma bobagem, além de não dar nenhuma informação nova, ainda recomendou que ele fosse à igreja rezar que ganhava mais.
Um dia ele conheceu um senhor que estava de passagem pelo vilarejo e que lhe contou que a Matinta gostava muito de pitar. Um jeito de descobrir a sua forma humana seria ir para a floresta à noite, assim que ela cantasse, ele deveria gritar para ela que o visitasse no dia seguinte que ele lhe daria muito fumo.
Florêncio ficou entusiasmado com a descoberta e resolveu colocar o plano em prática na mesma noite.
Ele foi a floresta e ficou quietinho esperando a Matinta cantar. Assim que ouviu o primeiro pio ele gritou:
– Matinta Perera, vai buscar fumo lá em casa amanhã!
Imediatamente o assobio da coruja cessou e ele ouviu o barulho de asas.
Florêncio soube que a Matinta o havia escutado e correu de volta à sua casa para esperá-la.
Certo de que iria desmascarar a Matinta, ele convidou alguns moradores para a sua casa e juntos ficaram esperando o dia clarear.
Ele nem dormiu nessa noite pensando nos elogios que receberia dos moradores da vila por ter desmascarado a velha bruxa e ficou imaginando que ela seria uma velha muito feia, cheia de rugas e verrugas.
Quando amanheceu e todos estavam impacientes ele pediu silencio e começou a ouvir passos de alguém se aproximando de sua casa.
Lá fora ele ouviu a voz de uma mulher chorando:
– Vim buscar meu fumo!
Ao abrir a porta eufórico com a descoberta iminente, quase perdeu o fôlego ao encontrar do lado de fora, a sua mãe.
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